Perturbação Mentais e Ritmos Biológicos

A insónia primária tal como outras perturbações psicopatológicas como a  ansiedade e depressão, podem estar associadas a alterações dos ritmos biológicos (Silva, 2000).

As teorias actuais acerca dos ritmos biológicos, sugerem que existe um oscilador circadiano, o que ao nível das perturbações afectivas poderá explicar as anormalidades em termos de fase e amplitude (Silva et al., 2000).

O sistema circadiano do Homem, é constituído por dois tipos de osciladores: um oscilador fraco responsável pelo controlo do ciclo sono-vigília e um oscilador forte que é responsável pelo controlo da melatonina, secreção do cortisol, assim como da temperatura corporal profunda. (Silva et al., 2000).

Os sujeitos diagnosticados com depressão, apresentam características especificas no que concerne ao ciclo sono-vigília, nomeadamente: elevados níveis de sonolência diurna, despertares nocturnos, insónia inicial e consequentemente sensação de fadiga ao acordar de manhã. Sob uma perspectiva cronobiológica, a depressão pode ser causada por 3 factores: avanço de fase do oscilador forte em relação ao fraco, ou um ângulo de fase anormal entre os osciladores e o ambiente circundante; diminuição na amplitude dos ritmos; ângulo agudo de fase anormal entre os osciladores da manhã e da tarde (Kripke et al., 1994, cit. Silva et al. 2000).

Os ritmos biológicos ou psicológicos, referem-se a um ciclo que se repete na mesma ordem e nos mesmos intervalos. Os ritmos circadianos, referem-se a ritmos cujo período é de cerca de um dia, isto é, 20 a 28 horas, como exemplos de ritmos circadianos, é a temperatura corporal, o cortisol, humor, memória e ciclo sono-vigília (Silva et al., 2000).

A ordem temporal interna, ou seja, o relacionamento entre as diversas funções do organismo, depende da estabilidade das relações de fase entre os ritmos, a perda da estabilidade conduzirá a alterações nas relações de fases habituais, que se designa por dessincronização interna. A harmonia temporal é fundamental para a saúde física e mental dos sujeitos, por outro lado a desregulação circadiana poderá desencadear o aparecimento de diversas patologias.

A ritmicidade surge como produto de dois tipos de influência: exógena (periodicidade ambiental e hábitos dos sujeitos) e endógena (relógio biológico interno) (Minors & Waterhouse, 1981, cit. Silva et al., 2000).

A designação relógio biológico, é utilizada quando nos referimos a sistemas susceptiveis de gerir certos tipos de ritmos circadianos, ainda que o organismo esteja privado de referências temporais. Estes relógios, podem ser regulados ao longo de vinte e quatro horas e ser acertados pelos sinais periódicos do ambiente, os sincronizadores. Os núcleos supraquiasmáticos são relógios biológicos anatomicamente identificados nos mamíferos, mas é possível que existam outros relógios biológicos funcionais no cérebro humano (Reinberg, 1998).

Tal como os relógios mecânicos, também  os relógios biológicos podem ser “acertados”, a este processo dá-se a designação de sincronização. A sincronização é a variação periódica de um factor do ambiente capaz de regular o período médio dos ritmos circadianos e de acertar os relógios biológicos. Na maior parte das espécies animais e vegetais, é a alternância claro/escuro que desempenha o papel de sincronizador. Mas, são os imperativos horários da vida social que representam os principais seincronizadores da espécie humana. Os sincronizadores não criam ritmos, modificam o seu período e o horário dos picos e dos pontos mais baixos (Reinberg, 1998), deste modo os sincronizadores ou zeitgebers sociais/ambientais, assumem um papel preponderante.

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